terça-feira, 15 de maio de 2012

Professores: Semeadores da esperança



21 DE OUTUBRO DE 2011 
Por Gabriel Chalita
Semeadores são aqueles que se dedicam a fomentar a vida. Semeiam porque  acreditam na dádiva futura de cada semente. Semeiam porque sabem que os frutos da existência dependem da fertilidade dos campos.
No cultivo da vida, como no amanhar da terra, é preciso permanente cuidado. Antes, durante e depois. O prêmio é a boa colheita que alimenta.
Os professores são semeadores. Semeadores da esperança. São mulheres e homens que fazem da vida uma lição de amor.
Escolher ser professor é assumir um compromisso com a formação do ser humano. Quem ensina alguma coisa a alguém experimenta a generosidade, o prazer da entrega, a alegria do florescer humano. Essa é a esperança a ser semeada.
O início de uma relação deve ser sempre sedutor. Em uma sala de aula, só o amor pode inspirar as relações de ensino, de forma a permitir a transformação pelo conhecimento. É preciso que o estudante se encante pela postura do professor, assim como pelas informações que forem transmitidas. É preciso semear o respeito mútuo, o deleite do convívio.
Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, apresenta uma visão inspiradora a respeito de seu papel de educador: “Sou professor a favor da esperança que me anima, apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza da minha própria prática (…)”. Na mesma obra, nosso andarilho da esperança afirma que, tão importante quanto o ensino dos conteúdos, é seu testemunho ético ao ensiná-los, a decência com que o faz, a preparação científica revelada com humildade, o respeito jamais negado ao educando.
Faz-se mister que nós, professores, não nos acomodemos, que sempre busquemos a motivação que, inicialmente, nos conduziu ao ofício de educar. Se olharmos para trás e imaginarmos o que ainda há por vir, conseguiremos manter o prazer de ensinar, reinventando – a cada dia – a mágica ansiedade da primeira vez em sala de aula. Um prazer vivido e revivido na consciência do dever cumprido. Independentemente do quanto já caminhamos, ainda resta um longo caminho pela frente, e os caminhantes valorosos não permanecerão parados por muito tempo.
É, também, preciso sonhar. Se não, a esperança se esvai.  Sonhar que todos os alunos aprendam sem tropeços, que todos sejam educados, que não haja dificuldade de relacionamento com os outros professores, que os pais acompanhem em casa tudo o que a escola sugerir, que governos e patrões entendam a importância do professor e o valorizem. Valorizar o professor é fundamental, porque o professor é a alma, o pilar da educação. Os sonhos contemporâneos dos educadores precisam estar fortalecidos o suficiente para vencerem as numerosas barreiras que impedem que a aprendizagem se construa com a força que lhe é necessária. Quem não sonha não semeia nem educa.
Confesso-me apaixonado pela profissão que escolhi, porque faço parte de uma plêiade de realizadores que não desistem, que não se entregam. Aprendo com professores que me ensinam no momento em que me indagam. Aprendo com alunos. Aprendo com relatos de experiências ousadas que conseguiram desmistificar dogmas educacionais.

domingo, 13 de maio de 2012

O Desafio de Educar


Jorge Linhaça

Muito se ouve falar que a educação é o caminho para a transformação social, o antídoto para quase todos os males que afetam a sociedade. Acredito que assim seja, que a educação tem esse poder de modificar o estado atual das coisas.
O que precisa ser definido, entretanto , é o que seja educação ou educar.
Educar é, entre outras coisas, transmitir o conhecimento adquirido às novas gerações de aprendizes.
 A questão maior é : O que se transmite?
Junto a essa questão caminham algumas outras tais quais:

Como se transmite?
Por que se transmite?
Para quem se transmite?
Quem transmite?
Onde transmite?

As respostas mais simples diriam assim:

"Transmitem-se conteúdos programáticos através de aulas presenciais ou não porque é importante que os alunos ( à quem se transmite) recebam o conhecimento necessário para que alcances as metas estabelecidas.O professor é o encarregado da transmissão desse conhecimento seja na escola ou por meios eletrônicos."

Uma maravilha de retórica , um belo exemplo da arte de enrolar sem nada dizer.

O que se transmite é apenas aquilo que se sabe, ninguém é capaz de dar o que não possui, aí começa o problema.
 Sem contar com uma ou outra exceção , o que vemos é que as faculdades cada vez menos preparam o professor para suas atividades na sala de aula.
Por certo que reproduzem filosofias educacionais, atividades a serem desenvolvidas, teorias e mais teorias sobre educação. O que não conseguem transmitir é o jogo de cintura, a necessidade de se lidar hoje em dia com ameaças e agressões em sala de aula.

E não adianta querer culpar a escola.O microcosmo escolar apenas reproduz o macrocosmo do seu entorno, ou seja , leva para dentro da sala de aula os vícios da sociedade que ela busca atender.

Os educadores por sua vez, são cada vez mais reféns de políticas educacionais criadas por pessoas que vivem em uma outra realidade e que, na maioria dos casos, jamais pisou em uma sala de aula da periferia a não ser como visitante.

Não é de se estranhar, portanto, que esse distanciamento da teoria com a realidade, desmotive uma grande parcela dos educadores que, com salários defasados;
 falta de material de trabalho ( acreditem ou não, as professoras precisam comprar do próprio bolso folhas de sulfite, papel estêncil e ainda recorrer aos jurássicos mimeógrafos para poderem dar um mínimo de condição aos seus alunos);
falta de horas de descanso ( é, amigos, professor leva trabalho pra casa, mas só recebe pelas aulas ministradas, o trabalho feito em casa é problema dele);
Com o massacrante prenchimento de relatórios intermináveis,
sintam-se cada vez menos valorizados e motivados.

E ainda por cima, quando procuram desenvolver um trabalho diferenciado, esbarram na resistência dos colegas que preferem fazer o seu feijão com arroz ou , como muitos dizem, fingir que trabalham já que o governo finge que paga.

Claro que toda mudança é vista com suspeita por alguns e com receio por outros.

Algumas mudanças implicam em uma mudança comportamental dos educadores, mesmo que não sejam tão trabalhosas, no entanto, a prática Skinneriana na educação vem de tanto tempo, que os próprios educadores são condicionados a apenas obedecer cegamente ( ou fingirem que obedecem)  às ordens recebidas dos órgãos aos quais estão subordinados.

O maior desafio da educação é justamente quebrar paradigmas interiorizados ao longo dos anos pelos professores.

O primeiro deles é o da liberdade para ensinar com reponsabilidade e aplicação de técnicas e ferramentas diferenciadas.

Mas, venhamos e convenhamos, não há de ser da noite para o dia que os professores, enquanto classe, tomem consciência de que o ensino está sim, nas suas mãos e não nas mãos dos burocratas de algum gabinete.

O número de professores afastados da sala de aula por doenças emocionais como depressão e síndrome do pânico é absolutamente assustador na época atual, isso sem levar em conta os que permanecem em sala de aula, mesmo adoentados,  para não serem privados das gratificações e nem prejudicados na contagem de pontos na próxima atribuição.

Alguém pode estar se perguntando " Por que os professores não agem contra essa ditadura ?"

Eu ousaria responder que, entre outras coisas, é por que depois de uma jornada alucinante de trabalho; depois de levar trabalho para casa; depois de enfrentar a realidade da sala de aula; as ameaças à sua integridade física ( negada de todas as formas pelos burocratas em seus escritórios com ar condicionado), é difícil à maioria dos seres humanos ter ainda ânimo ou condições emocionais para repensar a sua práxis educacional.

E assim perpetua-se esse ciclo vicioso...a educação torna-se cada vez menos produtiva, os professores menos motivados e os alunos menos conscientes e cidadãos e, os poucos destes,  que um dia optarão pelo ensino como sua carreira, encontrarão mais adiante o mesmo quadro de descaso das autoridades, bem como as mesmas resistências de vários colegas.

Mas, nem tudo está perdido...em minha incansável busca de novidades e de opções para fazer da poesia, não apenas um lazer ou exercício literário, mas uma ferramenta de transformação social, eis que deparei-me com um movimento bastante interessante possibilitado pela internet.

Falo dos grupos de professores que, mesmo distantes fisicamente, encontraram nas listas de discussão ( grupos) uma maneira de trocar experiências, impressões e material didático com suas colegas, sejam estas da escola ali na esquina ou em qualquer outra parte deste nosso grande Brasil.

É um imenso prazer ver como essas educadoras e educadores ainda encontram tempo para partilhar seus trabalhos e projetos; o quanto essa troca enriquece o trabalho em sala de aula e propicia novas perspectivas quanto à educação.

Esse movimento " de baixo para cima", ao qual me associei com minhas modestas contribuições, tem feito a diferença na vida de muitos alunos e professores que, hoje em dia, podem contar com uma variedade de atividades que não seria possível sem essa iniciativa de pessoas que acreditam que o partilhar faz a diferença e que buscar novas maneiras de educar é uma necessidade para atingir os alunos em suas necessidades de aprender e apreender o conhecimento.

Assim, professores/aprendizes vão dando uma resposta real e eficiente ao desafio de educar.

Meus parabéns a todos os educadores que buscam novos caminhos, fugindo da mesmice que impede o crescimento.